Dourado

Num fim de semana em que me encontro particularmente triste vou-vos descrever um fim de semana que me deixou particularmente contente:

A viagem às Ilhas Shetland. Ou, diria eu...a viagem à jóia da coroa.

Partimos na sexta-feira por volta das 19h00. Éramos 5.

Diana, Estefanía, Fran, Unai e Javier, que é o mesmo que dizer Diana e espanholada.

O ferry tinha todo o conforto necessário mas o Javier apresenta-nos a excelente ideia de dormirmos na coberta do barco (sem coberta).

Depois de assistirmos ao pôr-de-sol, para mim o mais belo da minha vida mesmo depois dos milhares que presenciei da janela de minha casa, desistimos da ideia.

O frio era de rachar. Estavámos no mar do Norte.

Lá longe avistámos as gigantes plataformas de petróleo. Iluminadas como edifícios flutuantes onde vidas trabalham para que o ouro negro chegue ao depósito dos nossos carros.

A noite foi passada em sobressalto mas a chegada a Lerwick deu-nos um novo ânimo. Descobrimos a pousada da juventude pertinho da principal rua de Aberdeen...Union Street. Depois de banho tomado, metemo-nos no carro a explorar este canto esquecido no mundo, e tal como todos os outros cantos esquecidos no mundo, um canto cheio de beleza.

Cruzámo-nos com as ovelhas, os poneis, as vacas e os cães pastores das Shetland. A quantidade de pássaros diferentes dos que estava habituada a ver em Portugal também era imensa: skuas, airos-pretos, fulmares, tordas-mergulheiras, gaivotas-de-arenque, corvos marinhos e os maravilhosos papagaios do mar.

Numa enseada resguardada de olhares alheios, descobriram os olhos de biólogo do Javier uma colónia de focas. Imensamente fantástico e indescritível é estar a menos de 10 metros destas criaturas. Sim, 10 metros...Lentamente, passo a passo lá eu fui ter juntinho a elas...

Uma observou-me, veio nadar junto a mim e quando descobriu que eu era inofensiva resolveu estiraçar-se na pedra da frente. Ali passámos umas boas horas...O 1º objectivo fora cumprido.

2º objectivo: A colónia de papagaios do mar na ponta sul da ilha principal.

Aí eram aos milhares. Nidificam nas escarpas e fazem voos a pique para o mar em busca de alimento. Emitem uns sons a roçar o humano e olham-nos com olhar de bisturi. Um deles deve ter-me achado diferente pois resolveu voar até mim e quase chocou comigo de frente. Outras horas passadas sem qualquer vontade de ir embora...Mas o tempo não espera por ninguém...

De regresso a Lerwick ficámos com a sensação de que ser rico não significa ter muito dinheiro mas sim ter a felicidade de testemunhar a existência destas paisagens que alguém desenhou para nós.

As ilhas Shetland ficam a 6 graus do Círculo Polar Ártico e até 1469 faziam parte, juntamente com as ilhas Orkney, do reino da Noruega. Na capital Lerwick festeja-se esta ligação nórdica com o festival Up Helly Aa, durante o qual, pessoas mascaradas queimam a réplica de um navio viquingue.

Fotografias em:

http://picasaweb.google.pt/dianafeliciano80/IlhasShetland